quinta-feira, 22 de abril de 2010
Namoro é quando não se tem certeza absoluta de nada,
a cada dia um segredo é revelado, brotam informações novas de onde menos se espera.
De manhã, um silêncio inquietante. À tarde, um mal-entendido.
À noite, um torpedo reconciliador e uma declaração de amor.
Namoro é teste, é amostra, é ensaio, e por isso a dedicação é intensa, a sedução é ininterrupta,
os minutos são contados, os meses são comemorados, a vontade de surpreender não cessa —
e é a única relação que dá o devido espaço para a saudade, que é fermento e afrodisíaco.
Depois de passar os dias se vendo só de vez em quando, viajar para um fim de semana juntos vira
o céu na Terra: nunca uma sexta-feira nasce tão aguardada, nunca uma segunda-feira é enfrentada
com tanta leveza.
Namoro é como o disco “Sgt. Peppers”, dos Beatles: parece antigo e, no entanto, não há nada mais
novo e revolucionário. O poeta Carlos Drummond de Andrade também é de outro tempo e é para
sempre. É ele quem encerra esta crônica, dando-nos uma ordem para a vida: “Cumpra sua obrigação
de namorar, sob pena de viver apenas na aparência. De ser o seu cadáver itinerante".
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(Fragmento de Dos ficantes aos namoridos, de Martha Medeiros)
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